O poema português mais antigo conhecido é a "Cantiga da Ribeirinha", também conhecida por "Cantiga de Guarvaia", escrita por Paio Soares de Taveirós por volta de 1195.
Esta obra insere-se na tradição lírica galego-portuguesa, que floresceu na Península Ibérica durante a Idade Média.É uma cantiga de amor (uma espécie de poema lírico de amor) e representa um dos primeiros exemplos de poesia escrita em língua galego-portuguesa, que mais tarde evoluiu para o português e galego (modernos).
O poema expressa o amor não correspondido e segue as convenções da poesia de amor cortês que eram populares na Europa medieval.
Esta peça literária marca o início de uma rica tradição de poesia lírica no âmbito cultural galego-português (galaico-portuguesa).Not an advertisement, but looks like it
Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) foi um trovador da primeira metade do século XII, descendente da pequena nobreza galega. Há controvérsias sobre seu local de origem, especula-se que tenha nascido na antiga província portuguesa do Minho, ou então na província espanhola de Pontevedra, que compõe a atual região autônoma da Galiza.
Original:
No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai;
ca ja moiro por vós, e ai!,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia?
Mao dia me levantei,
que vos entom nom vi feia!
E, mia senhor, des aquelha,
me foi a mi mui mal di' ai!
E vós, filha de Dom Pai
Moniz, en bem vos semelha
d' haver eu por vós gabundarvaia?
Pois eu, mia senhor, d' alfaia
nunca de vós houve nem hei
valia d'ua correia!Tradução:
No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a vida continuar como vai,
porque morro por vós, e ai!
minha senhora alva de pele rosadas,
quereis que vos retrate
quando eu vos vi sem manto.
Maldito dia que me levantei
e não vos vi feia
E minha senhora, desde aquele dia, ai!
tudo me foi muito mal
e vós, filha de Don Paio
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia
pois eu, minha senhora, como presente
nunca de vós recebera algo
mesmo que de ínfimo valor.